Principais destinos são Brasil e Argentina
Estudo paraguaio provocou debate inédito
Diferença tributária entre os países contribui
A produção de derivados do tabaco no Paraguai é 7 vezes maior do que o consumo desses produtos e 6 vezes maior que as vendas registradas pelas empresas no país –número que incluiria as exportações. Os dados são de um estudo produzido pelo Cadep (Centro de Análisis y Difusión de la Economía Paraguaya). Leia a íntegra (em espanhol).
O levantamento é o primeiro realizado no Paraguai a dar a dimensão da produção de cigarros –mostrando a enorme diferença entre a oferta e o consumo doméstico do produto– o que aponta para a possibilidade de abastecimento do mercado ilegal especialmente para o Brasil, entre outros países vizinhos. Apesar do ineditismo, os dados comprovam uma situação que já era bastante conhecida do lado brasileiro da fronteira.
Esse cenário somado à escala do prejuízo para os cofres do governo paraguaio provocaram uma crise política no Paraguai, com pressão sobre as autoridades para explicar o volume de produtos que não foram taxados no país. O Cadep estima que a evasão fiscal resultante é da ordem de US$ 380 milhões a US$ 400 milhões no período de 2008 a 2019.
Uma reportagem do ABC Color, principal jornal paraguaio, mostra que o volume de cigarros exportados para o Brasil registrados pelo Banco Central Paraguaio em 2020 foi equivalente a cerca de 200.000 carteiras, enquanto a Polícia Rodoviária Federal brasileira realizou na mesma semana uma apreensão de 1 milhão de carteiras de cigarros ilegais que atravessaram a fronteira.
O estudo revela que nos últimos 20 anos o consumo de cigarros e charutos no Paraguai caiu. No entanto, a produção no país aumentou durante o mesmo período.
De 2009 a 2019, a oferta de tabaco no Paraguai teve um aumento de 600%. Se somados os valores da queda do consumo e aumento da produção, a estimativa é que a oferta líquida de cigarros neste período foi 7 vezes maior que o consumo.
Só em 2008, a oferta líquida de maços de cigarro foi de até 2,5 bilhões de unidades, enquanto as vendas relatadas pelas empresas não passaram de 371 milhões.
Ao mesmo tempo, o Brasil registrou crescimento no mercado ilegal de cigarros. Uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2019 indica que 57% dos cigarros consumidos no Brasil têm origem ilegal.
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