Assustador.
Não sei se essa é a melhor palavra para definir o que estamos presenciando novamente na gestão da Saúde no Estado do Rio, mas foi a que me veio para começar o texto de hoje.
É o que eu digo volta e meia. Sou jornalista, mas às vezes não dá para simplesmente deixar o lado cidadão de lado e não trazer para a profissão a indignação de assistir ao que estamos assistindo.
Ontem, com uma claque de cerca de 200 pessoas, entre deputados, prefeitos e “aspones”, o governador em exercício, Cláudio Castro, discursou para inaugurar o Hospital Modular de Nova Iguaçu, agora conhecido como Hospital Estadual Ricardo Cruz.
Só um adendo: lembremos que essa unidade foi construída sem licitação, ficou pronta em julho do ano passado e estava parada desde então, sem receber nenhum paciente. Ok, sigamos.
Depois de várias tentativas atabalhoadas que acompanhei, a Secretaria de Saúde contratou uma Organização Social chamada Ideias para a gestão da unidade. Os detalhes de como isso foi feito você pode relembrar nesta reportagem aqui.
Todo o processo de contratação foi feito para a gestão de 150 leitos nos próximos seis meses. Para isso, o estado deve pagar pouco mais de R$ 40 milhões.
Aí, o que diz Cláudio Castro na inauguração? “Vamos abrir mais 150 leitos (ou seja, 300 ao todo) em 15 dias! o Blog do Berta Já cobrou do secretário (Carlos Alberto) Chaves”.
Palmas são ouvidas.
Agora, um ano depois de todos os absurdos que já vimos durante a pandemia, um governador solta mais um desses, assim como se fosse não só normal, como uma grande atitude de gestão, e ainda é aplaudido!
Meu Deus.
É só ter uma noção básica de administração pública que é possível perceber que isso não existe.
Não existe demorar nove meses para assinar um contrato e “abrir mais 150 leitos” que não estão nem nunca foram previstos em documento nenhum.
Não existe aditivo de 100% numa contratação!
Em paralelo a isso, ainda temos mais uma compra às pressas de respiradores que o governo quer fazer em uma semana. Mais de 700 equipamentos. Quer assim, do dia para a noite. Tem como achar que isso é sério?
O que mais me assusta e entristece é que parecemos estar num estado de transe em que, ao contrário do início da pandemia, não vejo mais reação.
Alerj, Ministério Público?
Parece que mais uma vez nos contentamos todos com a saída de um governador, neste caso Wilson Witzel, como se ele fosse o único e maior agente do caos por que estamos passando.
Se vamos ver isso tudo acontecer calados, que pelo menos não batamos palmas para o absurdo!!!!!
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