As prisões de Raphael Montenegro e de subsecretários ocorreram na último terça-feira pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal
RIO — Depois de O GLOBO denunciar que o ex-secretário de Administração Penitenciária, Raphael Montenegro, e dois ex-subsecretarios haviam ingressado no sistema penitenciário sem que suas fichas de identificação tivessem suas fotos, os documentos finalmente estão com as imagens. É obrigatório que todos os presos sejam cadastrados e fotografados de imediato, no entanto, já tinham se passado dois dias com os documentos incompletos. Além da informação impressa nas fichas como “sem imagem”, as informações sobre os detentos eram insuficientes.
Na última sexta-feira, ao ser perguntada se as fotos já constavam nas fichas, a assessoria de imprensa da secretaria de Administração Penitenciária (Seap) informou que os documentos dos três integrantes da cúpula da pasta, presos pela Polícia Federal na última terça, já estavam completos. Também faz parte do regulamento no sistema penitenciário que o preso corte os cabelos bem curto e use o uniforme da Seap. As fotografias das fichas já devem estar de acordo com este padrão. As fotos são tiradas de frente e de lado.
Montenegro e os dois subsecretários — Wellington Nunes da Silva, da gestão operacional, e Sandro Farias Gimenes, superintendente — são acusados pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal por associação ao tráfico. Nos dias 27 e 28 de maio, os três visitaram 10 dos chefes da mais importante facção criminosa do Rio no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, algo inusitado, ao ponto de chamar a atenção da direção da unidade. Por ser um presídio federal, há um sistema de escuta ambiental, no qual os detentos e quem os visita são gravados com autorização da Justiça.
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Segundo a PF, Montenegro fazia acordos com criminosos de alta periculosidade para o retorno ao Rio em troca de uma trégua dentro e fora das cadeias fluminenses. Tanto a polícia quanto o Ministério Público Federal investigam a possibilidade de Montenegro obter vantagens política e financeira. Na casa do ex-secretário, no dia da operação que o levou a prisão, foi apreendida a quantia de 250 mil em reais e em moedas estrangeiras. Sua defesa disse aos investigadores que ele irá dar explicações sobre a origem do dinheiro.
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